NEWSLETTER 3 – MARÇO 2020

Esta é a NEWSLETTER 3, a primeira de 2020, com que procuramos dar continuidade à comunicação regular com os sócios da ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DE PIERRE TEILHARD DE CHARDIN EM PORTUGAL e outros públicos interessados em Teilhard de Chardin.

Leiam-nos e procurem
FAZER DOS VOSSOS AMIGOS, AMIGOS DE TEILHARD DE CHARDIN  (VER AQUI)  

SUMÁRIO

    • EFEMÉRIDES
    • A ABRIR
    • TESTEMUNHO
    • MISSA DOS PÁSSSAROS
    • ODE À ALEGRIA
    • VIDA DA ASSOCIAÇÃO
    • PONTO DE ENCONTRO
    • AGENDA
    • TEILHARD NO MUNDO
    • PUBLICAÇÕES
    • PENSAMENTO DE TEILHARD DE CHARDIN
    • TEILHARD EM PORTUGAL – HOJE

EFEMÉRIDES

  • HÁ 65 ANOS, morre Pierre Teilhard de Chardin, 10 de abril de 1955, Domingo de Páscoa, em Nova Iorque, na casa duns amigos onde tinha ido tomar chá, vítima de ataque cardíaco. Vivia e trabalhava em Nova Iorque desde 1951, colaborando com uma fundação americana dedicada ao estudo das origens da Humanidade. Para ali tinha sido enviado pelas autoridades eclesiásticas a fim de o afastarem de Paris, aonde tinha regressado em 1946, após o seu longo exílio na China. Durante aqueles 5 anos em Paris, a sua popularidade tinha sido imensa, uma vez que o seu pensamento inovador em matéria de fé começava a ser conhecido através de escritos clandestinos que os amigos faziam circular nos meios católicos. Os que o queriam conhecer de perto e ouvi-lo explicar as suas concepções sobre Cristo e o destino do homem no Universo, acorriam aos encontros que se organizavam com a sua presença e às conferências que, mais ou menos discretamente, ele ia dando. O mal-estar causado junto das autoridades eclesiásticas acabou por determinar mais uma vez o seu exílio.
    O padre Pierre Leroy sj, seu grande amigo e companheiro dos tempos da China, encontrava-se nos Estados Unidos na altura da sua morte. O seu livro Lettres familières de Pierre Teilhard de Chardin, mon ami [Ed. Le Centurion, 1976] termina, em epílogo, com este impressionante testemunho: NA MORTE DE TEILHARD DE CHARDIN, Pierre Leroy
  • No ano de 1920, Teilhard termina a sua licenciatura na Sorbonne em Ciências Naturais e inicia o doutoramento sobre Os Mamíferos do Eocénico inferior francês e respectivas jazidas. Rege o cursos de paleontologia e geologia no Institut Catholique de Paris. Neste mesmo ano, conhece o filósofo e matemático Édouard Le Roy, com quem trava uma estreita amizade e com quem se corresponde até 1946, ano do seu regresso da China. Esta correspondência foi, em 2008 e em parceria com a Fondation Teilhard de Chardin, editada pelas Éditions Facultés Jésuites de Paris, sob o título “Lettres à Édouard Le Roy, (1921-1946), Maturation d’une pensée”, com uma introdução do Pe. François Euvé sj.

 

A ABRIR

Em plena crise do Coronavirus, estamos a passar por uma experiência inédita nas nossas vidas: a paralisia geral, com os espaços de encontro e os transportes desertos, as ruas quase sem carros e o silêncio que daí advém, o nosso confinamento sem possibilidade de visitar ou de ser visitado, as nossas agendas vazias de compromissos imediatos. De súbito, fomos mergulhados num estado absolutamente novo de relação com o universo, que nos conduz a experimentar o sentimento inédito de viver totalmente num outro paradigma. Ao nos encontrarmos mais connosco próprios e, ao mesmo tempo, ganharmos uma maior consciência da importância dos outros nas nossas vidas,  afirma-se a  oportunidade de refrescar algumas atitudes básicas da nossa existência. Na linguagem de Teilhard, estamos atravessando uma época intensa de passividades; porém, ainda pensado com ele, fazemos confiança em que, dessas passividades por nós sofridas, Deus saberá extrair o suco com que o seu Reino de vai construindo. Seremos nós capazes de nos modificarmos para melhor, quando as coisas voltarem ao normal? Teremos, então, novos olhos para as realidades que nos cercam? A seguir, um testemunho e algumas reflexões que talvez ajudem a fazer este percurso.

 

TESTEMUNHO

A CRUZ DA ERA

Os nossos associados, arquitecto Filipe Lopes e a mulher, a Bárbara, celebraram, no dia 4 de setembro de 2018, com um grande grupo de amigos, o 60º aniversário do seu casamento. Fizeram-no no jardim da sua casa de Benfica, à Rua do Arneiros, onde vivem há mais de seis anos. Esta não é uma casa qualquer: o Filipe, que sabiamente projecta sítios e ambientes mágicos de conforto e beleza (é preciso conhecer também a casa deles nas arribas da Praia Grande, projectada por ele e erguida, pedra a pedra, por ele e o filho), construiu e renovou este local onde, juntos, o casal deu ao espaço interior um surpreendente aconchego. Reinam ali o silêncio e a luz suave para a leitura e a reflexão, os livros, a lareira, a elegância sóbria dos móveis, a arte discreta. Paredes e tectos envidraçados deixam coar os reflexos da luz do sol sobre os verdes envolventes do exterior. A casa está rodeada dum jardim de paraíso, cheio de árvores, algumas de fruto, pássaros, flores, trepadeiras, horta, pequenos bancos de pedra, fontes e cascatas, obra das mãos criadoras e incansáveis do Filipe. Ali foi implantada por ele uma cruz invulgar, que ele esculpiu, cuja história nos relata no texto que, a seguir, reproduzimos. A cruz, chamada Cruz da Era, é a que a ilustração mostra.  Sobre toda esta harmonia, a Bárbara preside, contida e serenamente.

Celebração de 60 anos de vida Partilhada – A Cruz da Era 

Ao pensar em celebrar os nossos 60 anos de vida partilhada, surgiu logo a necessidade de fazer o ponto dessa caminhada. Esta casa, onde vivemos desde há 5 anos, projectei-a para os meus pais, ao regressarmos de Paris. E foi neste jardim que celebrámos o nosso casamento, tendo entrado nele pelo portão do largo da Cruz da Era (sem H, trata-se da Era de Cristo). Naturalmente foi neste espaço que pensámos a actual celebração fazendo altar da mesa de convívio, ao lado da qual já existia um fuste de pedra para cruzeiro.  Acontece que, quando estudava em Paris, o Pe. Jean Rogues, responsável pela Paróquia da Cidade Universitária, me pediu que fizesse uma capa para o Evangeliário, que pudesse dar solenidade à proclamação da Palavra nas celebrações. Imaginei, então, uma capa de estanho, com uma Cruz Gloriosa, feita de vidros coloridos de que me sobraram alguns pedaços, que fui sempre guardando. Ao pensar num Cruzeiro, a Cruz Gloriosa veio à memória e, naturalmente, com ela, os ditos vidros…
Nesta nossa caminhada conhecemos a Lourdes e o António Paixão com quem reencontrámos Teilhard de Chardin, graças ao seu empenhamento na reflexão sobre o seu pensamento. Nesse reaprofundamento, sentimo-nos como que numa espécie de promontório que nos oferece a vertiginosa intuição de todos os infinitos: o grande, o pequeno, o complexo, o simples, no espaço e no tempo, realidade a envolver-nos em cada momento, a perfazer o Cosmos, a  aniquilar o caos. Por isto, e com a adesão entusiasta do nosso querido celebrante, escolhemos para esta celebração o texto da Missa sobre o Mundo, Este texto mostra como a visão de Teilhard articula de forma racional a realidade do mundo com o devir da Humanidade: a evolução que, unindo, transforma a matéria inerte em vida e por complexificação dos organismos vivos permite a emergência do espírito. Evolução que não pára e que depende da acção humana e de a Humanidade querer ou não continuar a Criação: sempre + espírito + amor + bem + beleza, tendo por objectivo a cristificação do Universo.
Foi isto que me inspirou ao fazer esta cruz: Cristo atraindo, para a formação do seu Corpo, todos os elementos criados, todos semelhantes e todos diversos. Não perdendo nenhum a sua individualidade, acabarão todos fazendo parte da mesma substância divina: Cristo, simbolizado na Cruz, atrai a Si o Universo, representado pelo cruzeiro no seu conjunto. Não resisto a referir-vos a minha maravilhosa experiência espiritual ao conceber e realizar este pequeno sinal daquilo em que acredito: quando pego, com a minha mão, perecível, uma pedrinha destas, guardo nela milhões de anos de existência de matéria em processo de espiritualização, nesta aventura assombrosa da Cristificação do universo. Como não viver maravilhado?
                                                          Bárbara e Filipe Lopes, Benfica, 4 de setembro de 2018

“Felizes os pássaros que não têm que ir à missa, porque estão sempre em missa” (Juan Ramón Jiménez, em Platero y yo)

Em RELIGIÓN DIGITAL, de 16.03.2020, Pedro Miguel Lamet chama-nos a atenção para a forma inteligente de aceitar as contingências do momento, referindo-se especialmente à suspensão de celebração da Eucaristia, decidida pelo episcopado, que suscitou consternação em alguns fieis. Como forma de superar esse sentimento, lembra-nos que o «preceito» não deve prevalecer sobre a necessidade de evitar o perigo de contaminar ou ser contaminado. “O povo necessita que o transcendente lhe entre, de alguma maneira pelos olhos”, diz-nos ele, “mas não para nos fixarmos nos objectos”.  E cita, a propósito, Teilhard de Chardin: «Se eu creio firmemente que tudo o que me rodeia é o Corpo e o sangue do Verbo, para mim produz-se a maravilhosa “Diafania”». Esta frase é extraída da magnífica oração/poema «Missa sobre o Altar do Mundo», que surgiu no espírito de Teilhard quando, na situação limite em que se encontrava, uma primeira vez nas trincheiras da guerra de 14-18, e, mais tarde, na China, durante as investigações paleontológicas a que procedia no deserto de Ordos, não tinha as mínimas condições para celebrar a missa. Começa este poema com o seguinte Ofertório:Visto que não tenho nem pão, nem vinho, nem altar, elevar-me-ei acima dos símbolos até à pura majestade do real, e oferecer-vos-ei, eu, Vosso sacerdote, no altar da Terra inteira, o trabalho e a dor do Mundo”. A esta citação da Missa sobre o Mundo, acrescentamos o trecho que imediatamente se segue e lhe completa o sentido: O sol acaba de iluminar, ao longe, a franja extrema do primeiro Oriente. Uma vez mais, sob o pano movente dos seus lumes, a superfície viva da terra desperta, estremece, e recomeça o seu labor tremendo. Colocarei na minha patena, ó meu Deus, a colhei­ta esperada deste novo esforço. Derramarei no meu cálice a seiva de todos os frutos que serão hoje esmagados. O meu cálice e a minha patena são as funduras de uma alma largamente aberta a todas as forças que, dentro de um instante, se elevarão de todos os pontos do Globo e convergirão a caminho do Espírito. — Venham, pois, a mim a recordação e a presença mística daqueles que a luz desperta para uma nova jornada!” (Pode ler-se AQUI o texto completo deste texto de Teilhard de Chardin).

“Tu, Alegria, a bela centelha divina…” (Friedrich Schiller, Ode a Alegria)

Resultado de imagem para beethovenEm 7 de maio de 1824, Ludwig van Beetoven apresentou a sua 9ª Sinfonia em Viena, espantando o seu público com a inclusão da voz humana, em solistas e coro, numa peça sinfónica deste género. Segundo o maestro Sir Simon Rattle, numa entrevista à Mezzo, concedida imediatamente antes de dirigir a execução da Nona com a London Symphony Orchestra, em fevereiro de 2020, Beethoven terá inicialmente concebido esta sinfonia só para instrumentos, pois foi encontrado um manuscrito anterior em que a entrada do solo baixo “O Freunde!” (amigos!) estava anotada para os violoncelos. Não sabemos o que terá levado Beethoven a lembrar-se de incluir excertos da Ode à Alegria, do poeta alemão Schiller, falecido apenas vinte anos antes, em Weimar. Mas a maravilhosa riqueza desta conjugação, unanimemente louvada, permite apreciar a força e a beleza poética com que Schiller tratou o tema da Alegria, sentimento toda vida perseguido por Beethoven, mas, segundo rezam as biografias, pouco alcançado. Não restam dúvidas de que, ao escutar a 9ª Sinfonia de Beethoven, sentimos a nossa alma inflamar-se duma alegria transbordante, em que a humanidade e o Eterno se abraçam. Vale a pena, nesta paragem nas nossas vidas, entregarmos-nos à audição desta obra-prima e recordar a última estrofe, cantada pelo coro:

Estreitai-vos, oh milhões, num beijo universal !
Crede, Irmãos, para lá
do firmamento, tem de haver um Pai amoroso.
Vós, milhões, dobrais o joelho ? 
Mundo, intuis tu a sua existência ?
Procurai-o acima do firmamento ! Para além das estrelas o encontrareis.

A VIDA DE TEILHARD DE CHARDIN, EM BD

Pierre Teilhard de Chardin, Padre jesuíta, homem de ciência e filósofo, nasce no castelo da família, em Sarcenat, Clermont-Ferrand (Auvergne, França) a 1 de maio de1881 e morre em Nova Iorque, no dia 10 de abril de 1955.

Adaptada da brochura «Pierre Teilhard de Chardin» [Croyants de Tous Pays, Éditions Fleurus, UNIVERSMEDIA, Paris, para FONDATION TEILHARD DE CHARDIN], oferecemos, a partir de agora, uma sugestiva biografia de Teilhard de Chardin, apresentada em BD, de que iremos inserindo sucessivamente conjuntos de quadros (clique sobre cada quadro para obter a leitura ideal das legendas):

 

 

 VIDA DA ASSOCIAÇÃO

Assembleia Geral
Aproximando-se a altura de, sob a presidência do Padre Vasco Pinto de Magalhães sj, se reunir a Assembleia Geral da AAPTCP, a fim de apreciar e aprovar o relatório e contas de 2019, bem como o plano e orçamento para 2020, não se vislumbra ainda uma data possível devido às limitações presentes à realização de reuniões.

Curso Teilhard de Chardin
Nos dias 16, 17 e 18 de dezembro de 2019, realizou-se, no Instituto de Estudos Académicos para Seniores – Adriano Moreira, sala Maynense, mais um curso livre Teilhard de Chardin, em cooperação com aquela instituição e a Academia das Ciências de Lisboa. O tema geral do curso foi «TEILHARD DE CHARDIN. Espírito e Ultra-humanismo: que futuro para a Humanidade?». Foram docentes o Prof. Pe. Augustin Udias sj, professor jubilado de geofísica da Universidade de Madrid, o Prof. Luís Sebastião, Universidade de Évora, o Prof. Pe. Bruno Nobre sj, professor de filosofia na Universidade Católica, o Prof. Michel Renaud, professor da Universidade Nova de Lisboa e presidente da nossa Associação, e António Paixão, secretário-geral. Na abertura do curso, foi lida, pela directora do Instituto, Profª Salomé Paes, uma comunicação do Prof. Adriano Moreira, impossibilitado, por motivos de saúde, de participar pessoalmente, intitulada “Teilhard de Chardin e a conjuntura mundial”. Com uma participação média de cerca 30 de pessoas, as diversas sessões desenrolaram-se ao longo dos três dias, duas por dia. O Encerramento do Curso decorreu no Salão Nobre, onde se realizou, sob a direcção do Maestro Jorge Camacho, um concerto pela Orquestra Jovem Municipal Geração de Lisboa, organizado em colaboração com a Academia das Ciências, com um excelente programa compreendendo, entre outros, compositores como Marc-Antoine Charpantier e Gioachino Rossini.
Os textos das diferentes lições podem ser lidos no separador «Actividades – Eventos» :

 

PONTO DE ENCONTRO

  • Os Grupos de leitura Teilhard de Chardin, sendo uma das actividades mais marcantes da vida da AAPTCP, têm neste momento todas as suas reuniões em suspenso.
  • CENTRO CULTURAL “BROTÉRIA”  –  Na rua de S. Pedro de Alcântara nº 1, mesmo em frente à Igreja de S. Roque, os jesuítas abriram, no edifício que foi o palácio dos Condes de Tomar, um CENTRO CULTURAL, que passará a ser a sede da sua revista BROTÉRIA e, ao mesmo tempo, «casa de arte, cultura e diálogo». O Grupo de Leitura que AAPTCP anima neste espaço tem as suas reuniiões igualmente suspensas. Este grupo tem o caracter específico de constituir um “curso” sobre Teilhard de Chardin, pois apoia-se na leitura e estudo da obra “EM OUTRAS PALAVRAS”, versão portuguesa da congénere francesa intitulada «Je m’explique», e que é uma selecta de textos de Teilhard, feita nos anos 60 por Jean-Pierre Demoulin, ordenados segundo um critério didáctico a fim de poder dar toda a abrangência do pensamento filosófico-místico do autor. Tal como nos outros Grupos de Leitura, o acesso é livre e a qualquer momento (a próxima reunião será anunciada logo que possível). (CLIQUE SOBRE A IMAGEM PARA MELHOR LEITURA)

 

AGENDA

  • Brevemente será anunciada a realização dum evento comemorativo do 65º aniversário da morte de Teilhard de Chardin, ocorrido a 10 de abril de 1955. Está prevista uma conferência pelo Padre Andreas Lind sj, eventualmente no Espaço BROTÉRIA, seguida de uma Eucaristia na Igreja de S. Roque. Nessa mesma Eucaristia, rememoraremos a data de nascimento de Teilhard de Chardin, dia 1 de maio.

 

TEILHARD NO MUNDO

  • «Teilhard de Chardin – Doutor da Igreja» –  por iniciativa de um grupo de cientistas e académicos ligados à Loyola University in Baltimore, Maryland, (EUA), foi lançada uma petição pública dirigida ao Papa Francisco para que Teilhard de Chardin seja declarado Doutor da Igreja. O link para subscrever a petição é:   https://action.groundswell-mvmt.org/petitions/declare-pierre-teilhard-de-chardin-s-j-a-doctor-of-the-roman-catholic-church . A AAPTCP informou-se junto da Associação francesa sobre a solidez desta iniciativa e obteve a garantia da sua seriedade e da idoneidade dos seus promotores. Porém, a Associação francesa não subscreveu a petição institucionalmente porque a declaração de “Doutor da Igreja” é a última etapa dum processo longo, que se inicia com a beatificação de alguma figura destacada da Igreja e só tem hipótese de se concretizar se a dita figura vier a ser canonizada. É o que presentemente está em curso relativamente ao Cardeal Newman, que vai ser canonizado a 13 de outubro próximo pelo Papa Francisco e que se espera venha posteriormente a ser declarado Doutor da Igreja. Le parcours pour Teilhard, s’il a lieu ce que je souhaite vivement, sera sans doute semblable et il y a donc lieu d’être patient. Esta frase, proferida a este respeito pelo Prof. Gérard Donnadieu, presidente emérito da Associação francesa, traduz o sentimento que se vive sobre esta matéria nos meios teilhardianos franceses. Por esse motivo, a Associação francesa recomenda aos seus associados e simpatizantes a subscrição, a título pessoal, da petição. A AAPTCP assume posição idêntica e não deixa de estimular os amigos de Teilhard de Chardin em Portugal a aderirem a esta meritória iniciativa, assim, de algum modo, contribuindo para um cada vez maior reconhecimento do seu valor e projecção do seu fecundo pensamento.
  • Teilhard e Stephen Hawking – O serviço “Teilhard World” que, a partir de França, faz a divulgação à escala mundial de notícias e artigos relativos a Teilhard de Chardin, enviou recentemente à AAPTCP um texto de Kathleen Duffy, SSJ, professora de física na Universidade de Chestnut Hill (Filadélfia), colocando em confronto a abordagem da criação, por um lado, do físico e cosmologista Stephen Hawking, morto há pouco mais de um ano, e, por outro, de Teilhard de Chardin. Este texto, que põe em evidência a perplexidade proveniente de algumas posições mais recentes de Hawking sobre Deus, pode ser lido (em inglês) na íntegra   AQUI

 

PUBLICAÇÕES

Em Portugal

  • O Pe. Vasco Pinto de Magalhães sj publicou recentemente, na Tenacitas, Coimbra, um pequeno livro com um título desafiador: «O Mal e o Demónio», que tem uma introdução do Pe. Pedro Miguel Lamet sj,, o mesmo que é autor da biografia de Pe. Pedro Arrupe sj (edição portuguesa da Tenacitas, 2005). Nesta obra, o Padre Vasco, com a sua clarividência inaciana, serenamente desdramatiza os preconceitos e ideias inveteradas que pairam sobre as consciências dos crentes em matéria de mal e de demónio, sem contudo deixar de valorizar a realidade do mal sentido na vida de cada um. A título de exemplo, no 2º capítulo intitulado O Demónio, de que estamos a falar?, pode ler-se este pequeno parágrafo (p.54), bastante esclarecedor do teor geral da obra: A teologia é evolutiva, não é feita duma vez. É um percurso lento e uma aproximação da verdade revelada. E são tantos os casos em que o pensamento foi evoluindo. Por exemplo: pecado original, Maria, Ressurreição, Eucaristia, géneros literários da Bíblia. Sob um título Revelação de Deus e das verdades da fé, pode ler-se (p.73): As verdades da nossa fé são as revelações que Deus fez de si próprio e que vamos conhecendo por auto-revelação de Deus. E, como não podia deixar de ser, Teilhard de Chardin vem citado, na página 76, a propósito de A condição humana e as projecções do ser católico, podendo aí ler-se: Sabemos que em Cristo, por Cristo e para Cristo, ‘ vimos dos caótico e vamos para o cósmico ‘, da desordem e caos para a harmonia e beleza. Este é o processo cósmico, cosmogénese que se torna cristogénese. Mas há forçass pessoais e colectivas de travagem e de desvio; essas são mal, pecado e mentira. Encontramos-nos aqui com a visão que Teilhard de Chardin desenvolveu, e que, para tantos, fez ressurgir a esperança.
  • Em junho de 2019, foi lançado o livro «Tudo o que sobe converge – introdução ao pensamento de Teilhard de Chardin» (Tenacitas, Coimbra). É seu autor o filósofo e cientista francês Claude Tresmontant, que o publicou em França nos anos sessenta do século passado, quando, após a morte de Teilhard em 1955, a torrente de edições das suas obras inéditas causaram um furor inusitado e deram origem a outra torrente de obras debruçando-se sobre o seu pensamento, até aí escondido nas gavetas do Padre jesuíta, porque proibido de as publicar, em vida. Nessa altura, por todo o mundo, choveram as traduções destas obras e outras aparecendo, país a país, a tratar a novidade arrebatadora da visão de Teilhard sobre o homem, o mundo, o universo e Cristo. Em Portugal ocorreu o mesmo fenómeno, tendo-se, na época, destacado a Morais Editora, a qual se focou particularmente nos autores que abordaram então o pensamento de Teilhard de Chardin. Assim, em 1961, apareceu, pela mão da Morais, entre outras, a edição desta obra de Tresmontant, numa tradução do escritor português Nuno de Bragança. A AAPTCP tem pugnado por que as obras de Teilhard, e algumas das que trataram o seu pensamento, no passado publicadas em português, em Portugal, possam de novo ser editadas, confrontando-se, no entanto, com o problema de algumas das editoras envolvidas na altura nesta acção se encontrarem actualmente extintas. É o caso da Morais. Consultado um dos ex-responsáveis da editora sobre a hipótese de reedição dessas obras, utilizando o texto então impresso, obtivemos a garantia de que, da parte dos ex-responsáveis da Morais, não haveria qualquer objecção, mas chamou a nossa atenção para a necessidade de obter a anuência dos tradutores ou seus herdeiros. Esta tarefa, como se compreende, é espinhosa, não sendo fácil localizar os tradutores de há mais de cinquenta anos atrás ou os seus herdeiros. Felizmente, no caso do Nuno de Bragança, já falecido, foi possível entrar em contacto com os filhos que não objectaram ao uso do texto por uma outra editora. E assim reapareceu em português agora esta obra de Tresmontant, que é geralmente considerada uma das mais importantes para iniciação no pensamento de Teilhard. De notar que foi o Padre Vasco Pinto de Magalhães sj quem prefaciou a presente edição. (Ver AQUI notas sobre o autor e génese da obra, da autoria do Secretário-geral da AAPTCP)

No estrangeiro 

lançamento recente:

  • Pour une ecclésiologie écologique

Autoria do Padre Andreas Gonçalves Lind, jovem jesuíta que presentemente prepara a sua tese de doutoramento na Universidade de Namur (ed. Presses Universitaires, de Namur, 2019). Conforme se pode ler na contra-capa da edição,  «Na senda da publicação de Laudato Si’, a visão de Teilhard de Chardin aparece de novo actual. […] O alcance cosmológico da cristologia teilhardiana faz da perspectiva do jesuíta paleontólogo uma fonte inesperada duma prática cristã, adaptada às exigências do mundo moderno. (Ver aqui o texto completo: contra-capa)
»»»»»  para aquisição via internet CLIQUE AQUI 

  • Pierre Teilhard de Chardin, ciencia y espiritualidad ignaciana, por AGUSTÍN UDÍAS. O Prof. Pe. Agustín Udías sj (que, como acima referido, foi um dos docentes do Curso Teilhard na Academia das Ciências, em dezembro último), publicou no Vol.92 (2020) da revista Manreza/Semblanzas este artigo, que constitui uma rigorosa síntese do pensamento filosófico-místico de Teilhard de Chardin. Pode lê-lo aqui  Agustín Udías, síntese pensamento Teilhard
  • La presencia de Cristo en el mundo – Las oraciones de Teilhard de Chardin, do Padre Agustín Udías sj (Sal Terrae en 2017)

 

RELER OS BOLETINS «TEILHARD EM PORTUGAL – HOJE»   

Em janeiro de 2007, deu-se início à edição do Boletim da Associação, «Teilhard em Portugal – Hoje», tendo sido publicado o último número, o nº 30, no 2º trimestre de 2018, pelas razões que expusemos na NEWSLETTER 1. Conscientes de que  os conteúdos destes 30 boletins encerram um acervo muito importante de textos, de e sobre Teilhard, que é de todo o interesse revisitar (entrar no separador Boletins), decidimos, em cada nova NEWSLETTER, destacar alguns destes textos.

Hoje transcrevemos, do Boletim nº 2, a apresentação duma obra sobre o pensamento de Teilhard, da autoria do Padre Gustave Martelet s.j. publicado em maio de 2006, na editora Parole et Silence, com o título expressivo “Et si Teilhard disait vrai…” O Padre Martelet é um teólogo que tem numerosos estudos sobre o pensamento e a mística de Teilhard de Chardin, o último dos quais, intitulado “Teilhard de Chardin, prophète d’un Christ toujours plus grand”, foi publicado em 2005 (ver prefácio publicado no Boletim nº 1).  É professor de teologia e foi o primeiro docente da cadeira Teilhard de Chardin no Centre Sèvres, Paris, inaugurada naquele mesmo ano. Desta obra transcrevemos (em tradução de TPH) o primeiro capítulo, antecedido do prefácio e da introdução. LER AQUI 

PENSAMENTO DE TEILHARD

«Aimer Dieu et le prochain n’est donc pas seulement un acte de vénération ou de miséricorde superposé à nos autres préoccuparions individuelles. C’est la Vie elle-même, la Vie dans l’intégrité de ses aspirations, de ses luttes et de ses conquêtes, qu’il s’agit pour le Chrétien, s’il veut être chrétien, d’embrasser dans un esprit de rapprochement et d’unification personnalisante avec tout le reste»  (“Réflexions sur le progrès”, 30 de março de 1934) 

 

 

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