TEILHARD DE CHARDIN CITADO PELO PAPA FRANCISCO NO FINAL DA MISSA DE 3 DE SETEMBRO, NA MONGÓLIA

A Missa é ação de graças, “Eucaristia”. Celebrá-la nesta terra fez-me recordar a oração do padre jesuíta Pierre Teilhard de Chardin, elevada a Deus há exatamente cem anos, no deserto de Ordos, não muito longe daqui. Diz assim: «Prostro-me, meu Deus, diante da tua Presença no Universo, que se tornou ígneo, e nos traços de tudo o que encontro, e de tudo o que me acontece, e de tudo o que faço durante o dia de hoje, desejo-te e espero-te».
O Padre Teilhard trabalhou em pesquisas geológicas. Desejava ardentemente celebrar a Santa Missa, mas não tinha pão nem vinho consigo. Foi então que compôs a sua “Missa sobre o mundo”, expressando assim a sua oferta: “Recebe, Senhor, esta Hóstia total que a Criação, atraída por Ti, Te apresenta nesta nova aurora”.
E uma oração semelhante já havia nascido nele durante a Primeira Guerra Mundial, enquanto estava na frente, agindo como maqueiro. Este sacerdote, muitas vezes incompreendido, sentiu que “a Eucaristia é celebrada, num certo sentido, no altar do mundo” e que é “o centro vital do universo, o foco transbordante de amor e de vida inesgotável”. (Carta enc. Laudato si’, 236), mesmo num tempo de tensões e guerras como o nosso. Rezemos hoje, portanto, com as palavras do Padre Teilhard: «Verbo Resplandecente, Potência Ardente, Tu que amassas o múltiplo para infundi-lhe a Tua vida, fazei descer sobre nós, peço-te, as Tuas mãos poderosas, as Tuas mãos protetoras, as Tuas mãos onipresentes». Irmãos e irmãs da Mongólia, obrigado pelo vosso testemunho, bayarlalaa! [obrigado!]. Que Deus vos abençoe. Estais no meu coração e permaneceis nele. Por favor, lembrem-se de mim nas voddas orações e pensamentos. Obrigado. (Papa Francisco, Missa na Mongólia, domingo, 3 de setembro de 2023)

 

VISITA DO PE. ARTURO SOSA S.J. A PORTUGAL

No momento em que o Pe. Sosa, geral dos jesuítas em Roma, realiza uma visita a Portugal, vale a pena recordar a sua carta de novembro de 2016, dirigida à Associação Teilhard de Chardin de França, que termina com a frase: “Desejo que a Fundação e a Associação dos Amigos do padre Teilhard de Chardin possa continuar o seu importante trabalho; a memória não deve ficar sem ser recordada, antes deve dar o seu fruto no aprofundamento e no propósito activo da herança legada pelo padre Teilhard.” (ver AQUI o original da carta).

 

1º CENTENÁRIO DE «LE PRÊTRE», escrito por Teilhard em julho de 1918, nas trincheiras da 1ª Grande Guerra:

O Padre, de Teilhard de Chardin

Texto comemorativo desta efeméride, pelo Pe. Leandro Sequeiros, da Associação espanhola dos Amigos de Teilhard de Chardin:

Pierre Teilhard de Chardin y el sacerdocio: 100 años de “El Sacerdote”, un ensayo escrito el 8 de julio de 1918
[Por Leandro Sequeiros sj. Capellán de la Residencia San Rafael de Dos Hermanas. Doctor en Ciencias Geológicas. Vicepresidente de la Asociación de Amigos de Teilhard de Chardin, sección española]
El 8 de julio de 1918, en plena Guerra Mundial, en las trincheras de una batalla cruel, hace ahora 100 años el científico, jesuita, místico y poeta Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955) reflexiona sobre el sentido de su vocación sacerdotal en un mundo científico y técnico. Algunas de sus intuiciones siguen vigentes.

El entonces joven jesuita Pierre Teilhard de Chardin ingresa en la Compañía de Jesús en 1899 y tras sus estudios eclesiásticos de Filosofía y Teología se ordena de sacerdote en 1911. En París comienza su formación científica, pero todo se interrumpe por la Primera Guerra Mundial. Movilizado, pasará varios años como camillero en el frente de batalla. Entre los 20 ensayos filosófico-teológico-2 místicos que escribe uno de ellos, escrito ahora hace un siglo en 1918, se refiere al sentido del sacerdocio en el mundo moderno.Teilhard nos ofrece aquí en “E Sacerdote”, una reflexión teológica y espiritual, a veces bajo la forma de oración sincera en primera persona (las invocaciones a Dios o a Cristo son recurrentes) sobre cuatro aspectos relacionados con la interacción entre la mística sacramental (y especialmente de la Eucaristía y más en concreto, sobre la Misa católica). Estos son los cuatro aspectos: la Consagración (la entrega), la Adoración (luz interior), la Comunión (unidad, identificación) y el Apostolado (compromiso con la Vida).Para Teilhard, el “prêtre” (sacerdote) tiene una función de Consagración (y no solo en la Misa en la que el pan y el vino que se trans-substancializan en el Cuerpo y Sangre de Cristo: “el círculo infinito de las cosas, ¿no es acaso, la Hostia definitiva que Tú quieres transformar?”), la Adoración (y no solo la adoración que se hace en la Misa – Unde et memores – sino también la adoración del Dios que se diafaniza en la materia: “lo Divino que ilumina, ahora, para mí todas las cosas por dentro”), la Comunión (y no solo el trozo de pan consagrado que se reparte y comparte, sino también la energía del Mundo que se hace todo: “La diminuta Hostia inerte se ha convertido ante mis ojos en algo más vasto que el Mundo”), y al final, el Apostolado (y no solo la acción evangelizadora sacramental del sacerdote, sino también propagar el fuego que Tú me has comunicado: “Yo quisiera ser, Señor, (…) el apóstol, y (si me atrevo a decirlo) el evangelista de tu Cristo en el Universo). Podíamos decir que se trata de las bases de un sacerdocio cósmico.
Tal vez el siguiente texto, incluido en el apartado cuatro (Apostolado) de “Le prêtre”, sintetiza su teología y su espiritualidad: “En la medida de mis fuerzas, precisamente porque soy sacerdote, voy a ser el primero en adquirir conciencia de lo que el Mundo ama, busca, por lo que el Mundo sufre; el primero en buscar, en simpatizar, en sufrir; el primero en dilatar el corazón y en sacrificarme; más ampliamente humano, y más noblemente terrestre que cualquier otro servidor del Mundo”.
El texto concluye con estas palabras encendidas: ¡Gracias, Dios mío, por haberme hecho sacerdote; – debido al impacto de la Guerra! No me atrevo, Señor, hasta tal punto me siento débil, a pedirte la participación en esta Felicidad. Pero la comprendo claramente y la he de proclamar: “Dichosos aquellos que, entre nosotros, en estos días decisivos de la Creación y de la Redención, han sido escogidos para este acto supremo, coronamiento lógico de su sacerdocio: comulgar hasta la muerte con el Cristo que nace y que sufre en el género humano!
¿Encontramos aquí una formulación novedosa, audaz y tal vez heterodoxa del sentido cósmico de su ministerio sacerdotal? Tal vez sea un momento para reflexionar estos textos.

 

110 anos da chegada de Teilhard de Chardin a Hastings

“Em Setembro de 1908, Teilhard chega a Hastings, na costa sudoeste de Inglaterra, para iniciar a sua estadia de quatro anos em Ore Place, a fim de receber a formação jesuíta em teologia – um período designado por teologado.”

É assim que abre o artigo “Teilhard at Ore Place, Hastings”, do Dr. David Grummet, professor de teologia na Universidade de Exeter, Reino Unido, que foi publicado na íntegra e em língua inglesa na revista “Teilhard Hoje na Europa”, edição portuguesa de Abril 2008, pela AAPTCP, membro do CET – Centro Europeu Teilhard de Chardin.

Nesse mesmo texto, é-nos explicado porque é que Teilhard de Chardin, sendo francês, teve, como muitos outros seminaristas jesuítas, de fazer parte da sua formação fora de França. Tudo remonta a 1880, um ano antes do nascimento de Teilhard, quando o governo francês da altura, pelo braço do seu ministro da Educação Jules Ferry, decretou a laicização do ensino e proibiu a Companhia de Jesus de o exercer no país. Isto levou a Companhia a mudar os seus vários centros de formação para países vizinhos, especialmente para Inglaterra, dada a proximidade territorial. Quando Teilhard entra em 1899 na Companhia para o noviciado, fá-lo, porém, em Aix-en-Provence. Isto ficou a dever-se a um certo abrandamento do rigor na aplicação daquela legislação, mas, logo em 1901, verificou-se um endurecimento e, em 1904, o primeiro-ministro Émile Combes decide aplicar as novas leis à letra e decreta a confiscação dos bens das ordens religiosas. Os Jesuítas, entretanto, prevendo estes extremos, tinham já regressado às suas anteriores instalações em Inglaterra.

Teilhard, que tinha ingressado em 1900 em Laval para terminar o noviciado e fazer o juvenato, ali pronunciou os seus primeiros votos em 1901, mas já em Outubro desse mesmo ano teve de se transferir para a ilha de Jersey, a fim de acabar o juvenato.  Nesta mesma ilha faz, de 1902 a 1905, os três anos de filosofia. De 1905 a 1908, Teilhard ensina Físico-Químicas num colégio jesuíta do Cairo, como parte da sua formação na Companhia, e é assim que, em Setembro de 1908, chega a Hastings para realizar o teologado, ali permanecendo, portanto, até 1912 (cf. Claude Cuénot, “T. Chardin”, Écrivains de Toujours, Seuil, 1963, pág. 9). Entretanto, a 26 de Março de 1911, é ordenado presbítero, acto a que assistiram os seus pais e irmãos, vindos expressamente de França.

David Grummet aponta-nos o ambiente especial que se vivia, então, em Ore Place, mestres e discípulos convivendo em clima de intensa actividade intelectual dum elevadíssimo nível. Entre os colegas de Teilhard dessa época contam-se os padres Pierre Rousselot, Pierre Charles, Auguste Valensin. O futuro cardeal Henry de Lubac, mais tarde grande amigo de Teilhard e ele próprio aluno em Ore Place na década seguinte, deixou-nos dessa vivência este saboroso testemunho: “Ali estávamos realmente como que fora do mundo, por momentos longe de quaisquer responsabilidades do apostolado; sós em grupo, como se estivéssemos num grande barco navegando sem rádio no meio do oceano. Mas que vida intensa dentro daquele barco e que viagem maravilhosa!” Grummet recorda-nos que foi durante a sua estadia em Ore Place que Teilhard começou a ganhar uma noção espiritual da evolução, “uma Corrente profunda, ontológica, total, abraçando todo o Universo em que me movia”, segundo as palavras do próprio Teilhard, anos depois. Em “Le Cœur de la Matière”, sua autobiografia escrita em 1950, viria ele a escrever, recordando os seus tempos de Hastings: “… l’extraordinaire densité et intensité prises pour moi vers cette époque, par les paysages d’Angleterre – au coucher du soleil surtout – quand les forêts du Sussex se chargeaient, eût-on dit, de toute la vie «fossile» que je poursuivais alors, de falaises en carrières, dans les argiles wealdiennes.”

Também o sentido cristológico do pensamento religioso de Teilhard despontou no ambiente de Hastings, onde os estudos bíblicos franceses desenvolveram novas formas de abordagem da cristologia pauliniana. Quase no final do seu artigo, D. Grummet cita René d’Ouince, amigo e superior de Teilhard, quando nos fala dele: “Por mais decisivo que o choque da Grande Guerra possa ter sido para o pensamento de Teilhard, houve uma intensa actividade intelectual que o precedeu. Quero mesmo crer que a maioria das ideias teológicas de Teilhard ganhou corpo durante o escolasticado [em Ore Place], naquelas conversas entre iguais, onde os jovens intelectuais comunicavam livremente o resultado das suas reflexões pessoais”.

Muito justamente, a British Teilhard Society assinalou este centenário com um evento em Abril passado, realizando na vizinha cidade de Hastings, Aylesford, Kent, uma série de conferências, em que o Dr. David Grummet foi também orador, com visita ao local onde existiu a casa de Ore Place, presentemente já desaparecida, e missa celebrada em Hastings, na igreja de Santa Maria Stella Maris onde Teilhard foi ordenado presbítero.

Teilhard citado no casamento do Príncipe Harry:

Europapress, 19.05.2018:

«O casamento [do príncipe Harry, neto de Isabel II de Inglaterra] foi marcado também por um fervoroso sermão do bispo [episcopaliano] de Chicago, Michael Curry. “Há poder no amor, não o subestimeis. Quem alguma vez se tenha apaixonado sabe ao que me refiro”, pregou Curry, num espectacular discurso, com menções ao activista Martin Luther King e em que mencionou o filósofo jesuíta Pierre Teilhard de Chardin: “Se nós, seres humanos, formos capazes de recolher a energia do amor, teremos descoberto o fogo pela segunda vez na nossa história.”» [tradução da AAPTCP]

http://www.europapress.es/internacional/noticia-enrique-inglaterra-meghan-markle-contraen-matrimonio-nuevos-duques-sussex-20180519144109.html

A citação aparece ao minuto 11 deste vídeo:   https://youtu.be/IgluP3BkVaA

Morte de Pierre Teilhard de Chardin, em Nova Iorque, a 10 de abril de 1955

  • Domingo de Páscoa, em Nova Iorque, na casa duns amigos onde tinha ido tomar chá, morre vítima de ataque cardíaco. Vivia e trabalhava em Nova Iorque desde 1951, colaborando com uma fundação americana dedicada ao estudo das origens da Humanidade. Para ali tinha sido enviado pelas autoridades eclesiásticas a fim de o afastarem de Paris, aonde tinha regressado em 1946, após o seu longo exílio na China. Durante aqueles 5 anos em Paris, a sua popularidade tinha sido imensa, uma vez que o seu pensamento inovador em matéria de fé começava a ser conhecido através de escritos clandestinos que os amigos faziam circular nos meios católicos. Os que o queriam conhecer de perto e ouvi-lo explicar as suas concepções sobre Cristo e o destino do homem no Universo, acorriam aos encontros que se organizavam com a sua presença e às conferências que, mais ou menos discretamente, ele ia dando. O mal-estar causado junto das autoridades eclesiásticas acabou por determinar mais uma vez o seu exílio.
    O padre Pierre Leroy sj, seu grande amigo e companheiro dos tempos da China, encontrava-se nos Estados Unidos na altura da sua morte. O seu livro Lettres familières de Pierre Teilhard de Chardin, mon ami [Ed. Le Centurion, 1976] termina, em epílogo, com este impressionante testemunho: NA MORTE DE TEILHARD DE CHARDIN, Pierre Leroy
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